domingo, outubro 07, 2012

O melhor da sci-fi marciana


É talvez um dos melhores exemplos de literatura de ficção científica que alguma vez li. Dividida em três volumes – Red Mars (originalmente publicado em 1993), Green Mars (1994) e Blue Mars (1996) – a chamada “trilogia marciana” de Kim Stanley Robinson é uma obra de grande fôlego que propõe, num arco narrativo de cerca de 200 anos, a história da exploração, colonização e terraformação do planeta vermelho. A narrativa parte no anos 2026, quando uma gigantesca nave feita de pedaços dos tanques do space shuttle é finalmente lançada rumo a Marte com os cem primeiros habitantes do novo mundo. É das suas vidas, dos trabalhos, ideias e feitos que surge a extensa história que não se limita a construir uma mera sucessão de quadros feitos de tramas que se cruzam, revelando a visão de Kim Stanley Robinson frequentes motivos para refletir sobre questões da ecologia, sociologia, psicologia e mesmo ciência política, isto sem esquecer o meticuloso quadro científico (atento às questões da física, da geologia e biologia) que sustentam com a verosimilhança que uma epopeia desta dimensão exige, uma noção de solidez sobre a qual as histórias florescem. Serve este post apenas para chamar a atenção para uma das mais interessantes narrativas de ficção científica alguma vez escritas com Marte por cenário. E, já agora, para partilhar uma vez mais a incompreensão de, num mercado livreiro onde este género está representado (sendo verdade que já o esteve mais presente e visível), porque é Kim Stanley Robinson um autor praticamente votado ao silêncio entre nós (a menos que me engane, só me lembro de uma tradução de uma única obra sua, numa velha coleção sci-fi da Caminho).

Este texto foi escrito para o blogue Marte Ataca!